o desconexo

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30.9.13

hesitação (e la grande bellezza)

Algures, perto do fim do filme:
"Não quer saber porque que é que me alimento de raízes? (...)
Porque as raízes são importantes."

Se eu soubesse escrever crítica de cinema, escrevia aqui um texto à altura do filme La Grande Bellezza do italiano Paolo Sorrentino. Não precisava de muitas linhas. Se eu soubesse, escreveria apenas o desnecessário, tudo o que vi nas entrelinhas. Um texto que falasse dos excessos e das lacunas dos excessos, da luz e das luzes, da ausência do diálogo e dos abundantes monólogos.
La Grande Bellezza é um filme sobre muita coisa, a tropeçar na demasia; e sobre nada, sobre o nada que são os personagens do filme e sobre o nada que Jep Gambardella sabe que existe. É um filme sobre rostos e rostos de muitas caras. É um filme com falas que dariam poemas ou dissertações de fim de vida de tão vazias que são. Deslumbra sem arrebatar.
Se eu soubesse escrever crítica de cinema, escrevia um texto mais inteligente, com uma ponta de sentido e menos abstracções. Não sei como o fazer, ainda assim, simplista e imprudente seria reduzir a estrelas a grande beleza.


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